domingo, 15 de novembro de 2009

Trabalho, trabalho, trabalho...

A uma criança perguntamos: o que você quer ser quando crescer? Isso desde muito cedo. Muitas dizem que querem ser bombeiros, médicos, advogados, professores, todos dizem a profissão que mais se aproxima da imagem que se tem de um herói, de alguém importante, mas ao crescer o trabalho passa a valer pelo salário, e nada mais. O sonho, em muitos casos, se apaga e sede lugar ao necessário: ao que paga as nossas contas no final do mês. Quantas pessoas realmente exercem a profissão que sonharam? quantas ainda teriam escolhido a mesma profissão que exercem? Para quantas será que o salário é o que mais importa? Muitas pessoas gastam cerca de oito do dia em torno do trabalho, considerando que demoram pelo menos cerca de uma hora para saírem de casa e talvez mais uma para voltarem, além de 8 horas dormindo, não se tem muito tempo para outras atividades. Geralmente o que se quer ao chegarem em casa é sentar, deitar , assistir TV, tomar um banho, etc.
Não conheço muitas pessoas que após um dia de trabalho se sentam a uma mesa , abrem um monte de livros e estudam ou lêem um belo romance, talvez aqueles que ainda estejam na escola, ou um dos poucos amantes da leitura, mas poucos são os que fazem isso por prazer e não por simples necessidade. Mesmo a escola se torna , para muitos, um meio para se conseguir um emprego melhor. Aristóteles colocava a filosofia como a mais elevada das ciências, por considerar que ela era admirável por si mesma e não por sua utilidade. Hoje é muito difícil falar de algo que não seja valorado apenas pela sua utilidade, isso é tão válido para os objetos quanto para as pessoas. As pessoas são consideradas importantes ou não, de acordo com o que fazem, com o salário que recém, com a função que exercem, ou sem importância pelo que não fazem.
Quantas pessoas não usam o fato de trabalhar como uma forma de exaltar sua importância, o quanto são úteis a sociedade,como se pelo simples fato de trabalharem suas ações, seu tempo fosse muito mais valioso do que o dos outros. Um exemplo disso é a postura que muitos maridos tem frete a suas esposas, que cuidam da casa, dos filhos, de um a grande quantidade de funções , durante todos os dias, mas sempre ouvem de seus maridos que eles estão cansados por trabalharem o dia inteiro enquanto elas ficaram apenas em casa. E que por isso não as podem ajudar ao preparar o jantar ou a cuidarem da s crianças
O emprego, parece ser sinônimo de trabalho, como se todas as atividades fossem realizadas apenas pelos que estão empregados, pelos que recebem pelo que fazem, por que apenas eles são úteis a sociedade, ou assim se imaginam. Do lado oposto, há sempre a ideia de que os que não trabalham são inúteis , preguiçosos, e que todo o seu dia é dedica ao sono, a "vagabundagem", que os desempregados assim estão por simples desejo, ou por uma incapacidade. Não apenas estes, como também os que não exercem uma atividade física, um trabalho que não use da força, mas apenas do intelecto. Muitas vezes ouvi uma professora contar que alguns alunos já lhe haviam perguntado se ela trabalhava ou só dava aula. Num trem lotado, pessoas reclamam que estão saindo do trabalho e não tem onde sentar, culpam os que estão sentados, alguns lendo, outros ouvido música, não pensam que o problema é o próprio metro que não tem tantos lugares, mas ficam se culpando, uns aos outros.
Os homens são cada vez mais e mais considerados como coisas, ferramentas de trabalho, como peças em uma engrenagem, e aceitam essa ideia sem se quer a questionarem, o pensar é relegado aos poucos que não trabalham durante 8 horas, mas que possuem o dia vago, não por falta de opção, mas devido as suas posses. Os que não tem nada são os que mais deveriam se questionar quanto a tais questões, pois são os mais afetados. A idéia de se sentirem culpados por não terem trabalho, por não serem úteis, a de ser útil apenas com o trabalho, de ser uma peça importante, é usada contra eles próprios, jogando uns contra os outros.
Numa sociedade onde apenas o que se produz, o que se ganha, onde o conhecimento é apenas uma "porta" para uma vaga no mercado de trabalho, coisas como leitura, reflexão, pensamento, são consideradas inúteis. A mais elevada das ciências, a que é admirável por si mesma é considerada inútil, pelos que mais necessitam de suas idéias e reflexões...

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