segunda-feira, 16 de novembro de 2009

conversas alheias

Hoje pela manhã ao ir comprar pão, a atendente da padaria, que na realidade mais parece um bar, atendente essa que ao que parece é casada com o dono do lugar, estava conversando com uma outra mulher na entrada do estabelecimento. Eu, como sempre, apenas entrei e esperei em frente ao balcão, que ela entrasse para me atender,o que não demorou muito tempo.Todos os dias faço a mesma coisa: entro, digo " 1 real de pão" ela me entrega e eu agradeço ( "obrigado"), sem um oi, um bom dia, nem nenhuma outra forma de comprimento, apenas isso. Hoje não foi diferente, a única diferença foi o fato de ela estar conversando com uma outro mulher, que a seguiu, após minha entrada, para trás do balcão e continuaram a conversa que tinham.
Ela, a atendente, flava que todos os filhos dela tinha sido feitos no dia de seu aniversário, " todos feitos em outubro e nascidos em julho, era para nascerem no mesmo dias mas...", a parte após o " mas " eu não me lembro exatamente, acho que devido a algum problema da gravidez, ou não lá o porque.
O fato de ter ouvido a conversa dela, e ter realmente prestado atenção, mesmo não sendo comigo que ela falava, não é um fenômeno isolado, acontece quase sempre, eu tenho este habito de ouvir conversas alheias e prestar atenção. Mesmo na escola faço isso, quando alguns colegas meus começam a conversar um assuntos qualquer que me chame a atenção eu volto toda a minha atenção a isso, sem o menor pudor, sem fingir que faço outro coisa, volto meu olhar e minha atenção completa para aquilo. As vezes rio dos pontos engraçado, as vezes não.
Não acho um mal habito, pelo menos não era até eu passar a escrever o que ouço em meu blog, mas afinal, ninguém esta mesmo lendo isso. E mesmo que estivesse, são só palavras. AS vezes eu penso que não sou muito bom com as palavras, mas confesso que tenho maior atração por ouvir do que por falar. Gosto de ouvir o que os outros falam, a forma como falam, os gestos que usam, isso independentemente do que falam, de quem fala, pode ser uma garota bonita, um par de bêbados, crianças, quase qualquer um. Não devido ao assunto, assuntos diversos atraem minha atenção, o motorista que fala de um "quase acidente que sofreu", as mulheres que falam dos maridos ou da igreja, os garotos que falam das "minas do colégio", as meninas que falam de piadas da internet,etc, etc, etc... As pessoas são ao mesmo tempo fascinantes e assustadoras, depende do angulo que se olha.

domingo, 15 de novembro de 2009

Trabalho, trabalho, trabalho...

A uma criança perguntamos: o que você quer ser quando crescer? Isso desde muito cedo. Muitas dizem que querem ser bombeiros, médicos, advogados, professores, todos dizem a profissão que mais se aproxima da imagem que se tem de um herói, de alguém importante, mas ao crescer o trabalho passa a valer pelo salário, e nada mais. O sonho, em muitos casos, se apaga e sede lugar ao necessário: ao que paga as nossas contas no final do mês. Quantas pessoas realmente exercem a profissão que sonharam? quantas ainda teriam escolhido a mesma profissão que exercem? Para quantas será que o salário é o que mais importa? Muitas pessoas gastam cerca de oito do dia em torno do trabalho, considerando que demoram pelo menos cerca de uma hora para saírem de casa e talvez mais uma para voltarem, além de 8 horas dormindo, não se tem muito tempo para outras atividades. Geralmente o que se quer ao chegarem em casa é sentar, deitar , assistir TV, tomar um banho, etc.
Não conheço muitas pessoas que após um dia de trabalho se sentam a uma mesa , abrem um monte de livros e estudam ou lêem um belo romance, talvez aqueles que ainda estejam na escola, ou um dos poucos amantes da leitura, mas poucos são os que fazem isso por prazer e não por simples necessidade. Mesmo a escola se torna , para muitos, um meio para se conseguir um emprego melhor. Aristóteles colocava a filosofia como a mais elevada das ciências, por considerar que ela era admirável por si mesma e não por sua utilidade. Hoje é muito difícil falar de algo que não seja valorado apenas pela sua utilidade, isso é tão válido para os objetos quanto para as pessoas. As pessoas são consideradas importantes ou não, de acordo com o que fazem, com o salário que recém, com a função que exercem, ou sem importância pelo que não fazem.
Quantas pessoas não usam o fato de trabalhar como uma forma de exaltar sua importância, o quanto são úteis a sociedade,como se pelo simples fato de trabalharem suas ações, seu tempo fosse muito mais valioso do que o dos outros. Um exemplo disso é a postura que muitos maridos tem frete a suas esposas, que cuidam da casa, dos filhos, de um a grande quantidade de funções , durante todos os dias, mas sempre ouvem de seus maridos que eles estão cansados por trabalharem o dia inteiro enquanto elas ficaram apenas em casa. E que por isso não as podem ajudar ao preparar o jantar ou a cuidarem da s crianças
O emprego, parece ser sinônimo de trabalho, como se todas as atividades fossem realizadas apenas pelos que estão empregados, pelos que recebem pelo que fazem, por que apenas eles são úteis a sociedade, ou assim se imaginam. Do lado oposto, há sempre a ideia de que os que não trabalham são inúteis , preguiçosos, e que todo o seu dia é dedica ao sono, a "vagabundagem", que os desempregados assim estão por simples desejo, ou por uma incapacidade. Não apenas estes, como também os que não exercem uma atividade física, um trabalho que não use da força, mas apenas do intelecto. Muitas vezes ouvi uma professora contar que alguns alunos já lhe haviam perguntado se ela trabalhava ou só dava aula. Num trem lotado, pessoas reclamam que estão saindo do trabalho e não tem onde sentar, culpam os que estão sentados, alguns lendo, outros ouvido música, não pensam que o problema é o próprio metro que não tem tantos lugares, mas ficam se culpando, uns aos outros.
Os homens são cada vez mais e mais considerados como coisas, ferramentas de trabalho, como peças em uma engrenagem, e aceitam essa ideia sem se quer a questionarem, o pensar é relegado aos poucos que não trabalham durante 8 horas, mas que possuem o dia vago, não por falta de opção, mas devido as suas posses. Os que não tem nada são os que mais deveriam se questionar quanto a tais questões, pois são os mais afetados. A idéia de se sentirem culpados por não terem trabalho, por não serem úteis, a de ser útil apenas com o trabalho, de ser uma peça importante, é usada contra eles próprios, jogando uns contra os outros.
Numa sociedade onde apenas o que se produz, o que se ganha, onde o conhecimento é apenas uma "porta" para uma vaga no mercado de trabalho, coisas como leitura, reflexão, pensamento, são consideradas inúteis. A mais elevada das ciências, a que é admirável por si mesma é considerada inútil, pelos que mais necessitam de suas idéias e reflexões...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Apagão



Passava das 22 horas, eu estava na Uniban, quando a luz acabou. Inicialmente as luzes da universidade apagaram, passado algum tempo, as luzes da região próxima começaram a piscar e por fim apagaram. Assistimos, ouvimos, já que não víamos , a professora tentar continuar a dar a sua matéria ( Fundamento da Educação), mas já estando próximo do horário do final da aula, e estando toda a região próxima , sem energia, decidimos ir embora, com o aval da professora.

Curiosamente , eu achei muito interessante tal acontecimento, não é sempre que esse tipo de coisa acontece, por isso quando acontece é uma chance rara de ver certas situações. Pessoas sem saber o que fazer, sem saber como ir para casa, que ônibus pegar, já que o metrô não mais estava funcionando. Mesmo eu, me surpreendi, tendo como primeiro pensamento " e agora como eu vou para casa?", "Como estará o transito , sem semáforos, "como eu faço para chegar em casa?". Demorei um pouco para me tocar que eu ia de ônibus, então não havia com o que se preocupar. Mas, nesse tipo de situação, tudo parece maior, mais complexo do que realmente é.



Assim que acabou a energia as pessoas começaram a acender seus celulares, a ligar para casa, um certo histerismo. Muitos , que usavam o metro, não sabiam como ir para casa, que ônibus pegar, também não sabiam se haveria ônibus até o horário que demorariam até chegarem em casa.



Pessoas ligando para casa, meu ônibus, que sempre estava vazio, com cerca de 10 a 5 pessoas, ontem estava lotado. Pessoas que eu nunca vi naquele ônibus. Ali, em pé, em frente a uma das portas, vendo aquelas pessoas "perdidas" sem saberem o que fazer, o transito sem semáforos, as ruas escuras, grandes grupos de pessoas em pontos de ônibus, muito maior do que o normal, pedestres dependendo do bom senso dos motorista para poderem atravessas. Eu via meu rosto refletido no vidro da porta, com um sorriso contido em meu rosto, me lembrava da cena final do filme " O dia em que a Terra parou" onde a humanidade é salva de sua destruição, mas deixada sem nenhum tipo de tecnologia, ou seja, completamente perdida. Cada vez mais e mais nós estamos dependentes dos nossos aparelhos, acaba a eletricidade e todos ligam seus celulares, acaba a eletricidade e ninguém mais sabe o que fazer, não aparelhos algum para nos distrair, ( TV, computador, rádio, etc, etc).



Num ponto qualquer, antes do aeroporto de Congonhas, um relógio parado marcava, 22:31, já num outro ponto na Conceição o mesmo modelo de relógio marcava 22:31. Os números estão invertidos, mas no final em todos os lugares é tudo igual.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Senha

Já passava do meio dia e eu estava entrando no banco, tinha de fazer um depósito para o meu pai. Eu havia ido de ônibus até o Jabaquara e na Avenida Engenheiro George ( alguma coisa) , entrei na agencia do Banco Real. Para não disparar o alarme com a minha chave, que fica sempre presa ao meu pulso por uma corrente, eu a segurei na mão. Sempre faço isso, e quase sempre da certo. Se não me engano a algum tempo havia visto uma matéria em algum jornal sobre como armas de pequeno calibre poderiam não disparar o alarme se fossem postas bem rente ao corpo. Não entendo bem o porque disso, afinal algumas pessoas que possuem metal em seus corpos ( por problema, deficiências, ou por terem sofrido algum tipo de acidente) em muitos estabelecimentos são barradas por tais sistemas de segurança.
Eu entrei com minha chave e passei pela porta giratória. Como em quase todos os bancos era necessário retirar uma senha, numa dessas máquinas de senhas, que possuem dois botões um para atendimento normal e outro para atendimento preferência. O de atendimento normal é na cor verde. Apertei o botão uma, duas, três , quatro vezes...e nada de sair o papel. Fiquei olhando aquilo, já pensando que não sairia senha...Quando uma garota, com cerca de 18 anos, talvez mais talvez menos, de pele negra e que ouvia uma música no fone de ouvido, apertou o botão e segurou, até que a senha saiu.
Ela apertou e deixou a senha para que eu pegasse,a final eu estava ali antes e não tinha conseguido nas primeiras tentativas. Eu retirei a senha e disse: "Pode ficar"... e peguei a próxima senha. NA hora de aguardar eu me sentei ao lado dela. Não conversamos, não trocamos olhares nem nada...apenas esperamos as senhas serem chamadas...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Poucos contra muitos


...300 espartanos lutaram contra milhares de persas, sabendo que, provavelmente, morreriam, que eram como uma mosca mordendo um cavalo. Nada além de um pequeno obstáculo, que com um simples movimento poderia ser destruído.
Se posicionaram no melhor lugar possível, num desfiladeiro, Termopilas, onde o seu pequeno grupo, aliado a alguns outros guerreiros gregos, poderia se valer de uma vantagem de posição, reduzindo a grande massa de persas a pequenos grupos, devido ao fato de ser muito estreita tal passaqgem, que poderiam ser com muita facilidade derrotada, pelos excelentes guerreiros espartanos.
Num bravo esforço, onda após onda , os espartanos tentaram defender aquele desfiladeiro, mas, por fim, morreram defendendo o que acreditavam, perderam as vidas em nome de uma ideia, pela liberdade de seu povo, nos primórdios da democracia.
Para aqueles bravos homens, mas valia morrer lutando do que viver como um escravo, homens que desde seu nascimento foram treinados para a guerra, para lutar, consideravam a morte em batalha um gloria. Alcançaram a gloria, perderam as suas vidas, mas ainda hoje são , e espero que sempre seja, lembrados...
Dedico esse texto aos 300 guerreiros espartanos e aos soldados gregos que também morrem em batalha, além de a todos aqueles que esteja disposto a morrer pelo que acreditam, todos que não se calam frente as injustiças, todos que usam não de violência, mas de inteligência como arma contra os maus, todos os que ainda lutam por esse mundo, principalmente a todos os que ainda conseguem sorrir pela manhã mesmo esse mundo estando como esta...